Sunday, February 04, 2007

A EXUBERÂNCIA HISTÓRICA E SELVAGEM DE UM TOUR DA COLÔMBIA AO BRASIL PELA SELVA, COM SEGURANÇA, E SEM DAR A MÍNIMA PARA AS FARCS


Todo leigo sabe que o maior produtor de cocaína do mundo, a Colômbia, tem obtido sucessivos êxitos no combate ao tráfico, e que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) estão enfraquecidas (desde então?). A DeUna Colômbia Tours http://www.deunacolombia.com/ , operadora com sede em Bogotá, promove roteiros belíssimos por esse país de povo encantador e de várias facetas. A Colômbia possui praias caribenhas de água transparente, é banhada por dois oceanos, tem histórias e encantos culturais de sobra, além da selva densa e intocada, cordilheiras com neve perpétua, esmeraldas de todos os tamanhos, um café equiparado ao Brasileiro, e é a segunda maior produtora de orquídeas do mundo. Escolhi um roteiro que sai de Bogotá e te deixa na cidade de Letícia, na fronteira com o Brasil, por onde se alcança Tabatinga no estado do Amazonas e de onde pode se pegar um avião para Tefé, Manaus e daí para o resto do Brasil. Aposto que você nunca pensou em entrar no Brasil pelo jardim não é? Então você não sabe o que está perdendo. O roteiro tem duração de 13 dias, partindo de Bogotá até Letícia e de lá, o tempo que você quiser despender para retornar para casa. O preço é de US$ 1.199,00 por pessoa em quarto duplo e inclui, traslados, hospedagem, bilhete aéreo doméstico, passeios, o apoio de guias falando espanhol e uma taxa de doação a um projeto local. Sugiro, no final do tour, uma esticada até a Reserva de Mamirauá, na região da cidade de Tefé no Amazonas. No final falo mais sobre ela. Ok, iniciamos em Bogotá. Há quem tenha algum mal-estar ao chegar à cidade que fica a 2.640 m de altitude, recorrendo ao chá de coca, vendido nas casas de produtos naturais. A surpresa é que o turista dificilmente verá zonas pobres ao circular por bairros como La Cabrera e pela zona Rosa, cravejada de bons restaurantes, lojas e shopping centers, como o Andino e o Atlantis Plaza, ou pelo entorno do Museu Nacional, onde há lugares como o parque Bavária. Em bairros boêmios, como Macarena, moram atores de teatro e TV. Mas a região onde a visita revela a Bogotá "chevere!" (gíria onipresente para "incrível!") é o bairro da Candelária, com prédios que alternam os estilos colonial, mais espanhol, e o republicano, eclético e europeizado. E é na Candelária que nos hospedaremos. Seguimos de ônibus para a cidade de Puerto López que dista 280km da capital, onde avistaremos bôtos cor de rosa, chamados de toninas na Colômbia, no Rio Meta na altura do vilarejo de Puerto Gaitan, um dos destinos turísticos preferidos dos nativos. Retornamos para Bogotá e no dia seguinte voaremos para Letícia em um novíssimo jato ERJ fabricado pela nossa Embraer. Chegada a esta cidade que faz fronteira com o Brasil (separada de Tabatinga por apenas uma avenida) e o Peru, e traslado de barco até o nosso ecolodge no meio da selva, curiosamente situado do lado Brasileiro. Letícia que herdou este nome de Letícia Smith, a noiva de seu fundador, Benigno Bustamante, em 1867,e que hoje em dia conta com aproximadamente 34.000 habitantes, é o centro geopolítico mais importante da região. Sua localização é favorável para transações comerciais trinacionais. O centro urbano consiste de um variado núcleo de estabelecimentos onde é possível adquirir licores estrangeiros, eletrodomésticos e excelentes artesanatos da região. Três dias na selva da região é pouco tempo para tanta atividade: pescar piranha, focar jacaré, avistar botos, dar um pulo até a Ilha dos Macacos (onde uma multidão de símios o esperam), ir ao zoológico para ver a maior anaconda da sua vida (tirando aquela de brinquedo daquele filme horroroso), ir as comunidades indígenas dos Tikunas e Yaguás para comprar artesanato e tirar umas fotos com a cara lambuzada de urucum. Mas antes de fazer uma foto com o povo e os índios locais, peça permissão, pois alguns acreditam que a fotografia lhes rouba um pedaço da alma. Às vezes uns dólares aplacam um pouco a dor dessa perda. Seguindo para Tabatinga, já no Brasil, não esqueça de antes dar um pulinho no aeroporto Colombiano para carimbar a saída do país. O opcional que deixei para o final da viagem é uma esticada até a Reserva de Mamirauá, entre os rios Solimões e Japurá, a 600km a oeste de Manaus e próxima a cidade de Tefé, para onde se pode pegar um avião a partir de Tabatinga. Em 1983, o biólogo José Márcio Ayres, procurando uma área para estudo do macaco Uacari Branco, encontrou a região do Lago Mamirauá. Ele percebeu a necessidade de criação de uma reserva, uma vez que o macaco é endêmico daquela região. Através de uma proposta encaminhada ao governo do estado do Amazonas, em 1990, foi criada a Estação Ecológica Mamirauá, posteriormente transformada em "Reserva de Desenvolvimento Sustentável". Vá nem que seja para passar uma noite no meio da floresta na trilha da Guariba (um macaco barbudo conhecido também como bugio), ou passear de canoa pelo ecossistema, ou ainda ver o pôr do sol deitado numa rede pendurada na varanda de uma das suítes da Pousada Uacari. Vá para entender e ver com os seus olhos como uma comunidade organizada, auto sustentável e com leis e regras claras funcionam à perfeição. Não esqueça o que você viu escrito na fachada do Palácio de Justiça de Bogotá no início da viagem: "...las armas os han dado independencia; las leyes os daran libertad", de Santander, uma frase simples e que lembrada a bordo do avião retornando para casa vai te fazer pensar emocionado em tudo o que viu.

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