Monday, April 02, 2007

ILHA DE MARAJÓ: A MAIOR ILHA FLUVIAL-OCEÂNICA DO MUNDO REVELA AS SUAS NUANCES HISTÓRICAS EM UMA ESTRUTURA TURÍSTICA EM PROCESSO DE FORMAÇÃO


Esta Ilha do Pará, maior que os estados do Rio de Janeiro, Alagoas e Sergipe, é uma mistura de ilha fluvial e oceânica, pois é banhada pelo Oceano Atlântico e o Rio Amazonas. A Ilha de Marajó guarda muitas belezas e curiosidades. Sua população de búfalos é maior que o número de habitantes e a carne do animal é um dos pratos típicos locais. Marajó, na foz do Rio Amazonas, é o maior arquipélago fluvial do mundo, com aproximadamente 50.000 km2. Ele é formado por três ilhas: Mexiana, Ilha Grande de Gurupá, Caviana, um dos pontos mais atingidos pela violência da pororoca, e Marajó. A intensidade das chuvas, que acontecem de fevereiro a maio, é tamanha que dois terços de Marajó ficam completamente alagados. Por causa dessa característica, a ilha tem hoje o maior rebanho de búfalos do país, pois esse animal se adapta bem a terrenos alagadiços.

Marajó pode ter sido o primeiro ponto do território brasileiro visitado pelos Europeus da era dos Descobrimentos em 1498, dois anos antes da expedição portuguesa de 1500 chegar a Cabrália. Mas o visitante atemporal, o cartógrafo e navegador lusitano Duarte Pacheco Pereira não deu muita importância a ilha, e se fez de desentendido. Ele achava que pisava em território espanhol, de acordo com os limites estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas.

A Ilha destaca-se pelos montes artificiais nomeados "tesos" construídos ainda em seu passado pré-colombiano pelos índios locais. De acordo com relato de Sir Walter Raleigh, no século XVI a ilha era também chamada de Marinatambal por habitantes nativos. Há também caminhos abertos pelos povos extintos, que também deixaram seus traços nas cerâmicas com desenhos que inspiram artistas até os dias de hoje. Há cerca de três mil anos, uma tribo de cultura avançada - os índios conhecidos como marajoaras - começou a povoar a ilha e deixou lá esse legado artístico e cultural. O Caboclo marajoara é o tipo étnico predominante, e o vaqueiro, um de seus variantes, é o profissional mais destacado. Resultantes da miscigenação branco-índio e em menores proporções, branco-negra, o caboclo realizou e aprendeu tudo do índio e do português, assimilou valores do negro, soube mesclar com inteligência cultura e habilidades para dar o toque especial na vida marajoara.

Servindo como locação do programa "No Limite 3" (Globo), em 2001, a fazenda São Jerônimo colhe os frutos da exposição em rede nacional. Ainda estão lá as estruturas montadas pelos cenógrafos. Mesmo quem não acompanhou o programa pode embarcar nas atividades e nos passeios, como um que leva até a praia do Limite, nome que ganhou após a exibição do "reality show". Há outros passeios, como o ciclo do açaí -em que o grupo apanha o açaí no pé e o leva para máquinas onde ele será batido para tirar o "vinho"-; o ciclo do caranguejo --em que os turistas caçam e cozinham o caranguejo--; e o ciclo do coco --em que o grupo apanha o coco e conhece a fábrica de beneficiamento da fibra, que vira estofado de carro.

A viagem de barco de Belém a Soure, maior cidade da ilha do Marajó, tem muitas escalas, você sai de Belém de balsa até a cidade de Camará, vai de ônibus até Salvaterra e atravessa o Rio Paracauari de balsa novamente, mas toda a viagem vale a pena. Projetada por Aarão Reis, engenheiro e arquiteto paraense que bolou Belo Horizonte, a cidade de Soure tem ruas largas e numeradas e frondosas mangueiras. Dizem que, se vista de cima, Soure parece um tabuleiro de xadrez.

A atmosfera mágica desse local, que foi habitado por índios desde cerca de 3.000 anos atrás, explicita-se não só por meio de lendas, de ritmos e de urnas funerárias de cerâmica, mas também nos fenômenos geográficos. E, para entrar de vez no ritmo das águas, o viajante pode arriscar os passos do carimbó, do lundu, do siriá, da dança do maçarico ou da dança do vaqueiro, alguns dos vários sons contagiantes deste arquipélago ermo cheio de nuances e encanto inigualáveis, Marajó.

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