Wednesday, April 04, 2007

ALBÂNIA: A PRINCESA DOS BÁLCÃS FINALMENTE REVELA A SUA BELEZA ESCONDIDA POR BAIXO DOS SEUS MUITOS VÉUS DE ISOLAMENTO


"Mas, para a Albânia? Não é perigoso?" Ouve-se essas perguntas inúmeras vezes. Com 3,5 milhões de habitantes e uma área equivalente à de Alagoas, a Albânia é um enclave do Terceiro Mundo dentro da Europa, cuja maior aspiração é entrar no século 21 com a ajuda dos vizinhos mais ricos. O mundo ainda não sabe, mas o país tem praias tão bonitas quanto as da Grécia, sítios arqueológicos impressionantemente valiosos e um povo simpático. É um país muito belo, pequeno, mas completo, com montanhas, mar, colinas, uma paisagem e uma cultura muito ricas. A um pulo da Itália, existe esse tesouro escondido, com um patrimônio histórico de dar inveja, um povo extremamente afável e praias paradisíacas.

Da Albânia o que normalmente se ouve falar hoje em dia é da pobreza, do crime e corrupção, da emigração massiva para Itália (lembram-se das fotos da Benetton no princípio dos anos 90?) ou da Madre Teresa de Calcutá, que dá o nome ao aeroporto internacional. E de ser um dos únicos países da Europa onde a religião muçulmana é dominante, apesar de pouco praticada.

O que marca, e que está em todo o lado, é o passado comunista. Por todo o lado se vêem bunkers – há 800 000 em todo o país – visíveis como pequenos cogumelos, nas cidades, perto das casas, nos prados. Através das estradas, vê-se bunkers transformados em galinheiro, ponto de ônibus, curral de vacas, horta e com gente morando dentro. As lembranças desse período totalitário, marcado pelo alinhamento do país ao comunismo chinês - e seu isolamento de todo o resto do mundo -, ainda não foram apagadas pelos últimos 14 anos de regime democrático. Uma garrafa de Coca-Cola, por exemplo, era uma espécie de droga pesada, um objeto perigoso que poderia conduzir seu portador direto à prisão. Todo mundo morria de vontade de experimentar, mas ninguém ousava entrar com uma no país, era muito arriscado.

Pelo menos um em cada três albaneses perdeu tudo o que tinha na falência de sistemas de poupança privados que prometiam juros de 35% a 100% ao mês. É a famosa "corrente", que foi moda no Brasil nos anos 80. Centenas de albaneses falidos faziam filas no banco de sangue da capital Tirana para ganhar o equivalente a US$ 22 por 400 mililitros e ter o que comer.
Com todo um sistema de defesa militar, milhares de bunkers, espiões por todo lado, quem derrubou o regime comunista Albanês? Dizem que foi a televisão italiana, captada pelas parabólicas clandestinamente, com suas plumas e paetês, publicidade de carros esporte, Martini e 50 tipos de macarrão.

O governo atual luta para reverter a imagem de país fechado e atrasado, que prevalece no exterior, e atrair investimentos para a economia local, ainda dependente de importações e do dinheiro enviado por Albaneses exilados. No que depender do astral da população, esse obstáculo será resolvido sem maiores dificuldades. A hospitalidade dos albaneses é uma das boas surpresas que esperam pelos visitantes. O idioma local é indecifrável e ninguém fala inglês. Felizmente, muitos entendem Italiano, por causa das transmissões da RAI. Escutando com atenção o albanês, pode-se pescar aqui ou ali alguma palavra derivada do latim. Mas a maior parte do vocabulário é ininteligível - Albânia, por exemplo, é grafada Shqiperise. O idioma local vem de um tronco independente, cuja origem ainda não foi totalmente elucidada pelos especialistas. A maioria acredita que suas raízes estejam nos Ilírios, que chegaram à região em 1000 a.C.

Um filho ilustre do país é o escritor Ismail Kadaré, autor do livro Abril Despedaçado, que virou filme do brasileiro Walter Salles Jr., em 2001. Ao contrário do ditador Hoxha, cuja memória ainda desperta muita polêmica, Kadaré é uma unanimidade no país. Embora tenha estudado na mesma escola do ex-ditador, o escritor sempre foi um crítico feroz da ditadura comunista. É adorado pelos albaneses, mas vive em Paris desde 1992.

Então e o turismo? A Albânia é novo "eldorado" para todos os que recentemente e em grande número esgotaram o capital aventureiro e a autenticidade das costas da Croácia ou de Montenegro. O destino tem inevitavelmente com o que seduzir, com a condição de não se ceder aos encantos da expatriação devido à diferença do nível de vida, ou de recusar os clichês de exotismo dos países sub-desenvolvidos. Ainda hoje, receia-se que durante a travessia da fronteira Albanesa se pudesse ser atendido por um agente da truculenta Sigurimi, a antiga KGB albanesa. Na verdade os simpáticos e bonachões agentes alfandegários sempre abrem um largo sorriso ao saber que você é Brasileiro, país que eles admiram. Longa vida à beleza dos Bálcãs!

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