Tuesday, March 20, 2007

SÉRIE: OS 20 LUGARES MAIS REMOTOS DO PLANETA. CAPÍTULO IV – ARQUIPÉLAGO DE KERGUELEN/OCEANO ÍNDICO


O primeiro nome dado ao Arquipélago de Kerguelen foi "Ilhas da Desolação". O que tem tudo a ver com um lugar perdido no meio do nada e cujo pedaço de terra mais próximo fica a 750 quilômetros de distância (a Ilha de Heard, ainda mais desolada). Anos mais tarde, a França resolveu rebatizar as ilhas com o nome de seu descobridor, na esperança de um dia poder colonizá-la. O máximo que conseguiu foi usar o arquipélago como base para caçar baleias e elefantes-marinhos, o que quase dizimou a fauna local. Hoje, milhares de animais dividem espaço com cerca de 80 pesquisadores e militares, que ficam por um ano estudando o arquipélago e afirmando a soberania francesa nesse ponto tão distante de Paris. Na pequena base de Port-aux-Français, é mais fácil encontrar elefantes-marinhos na rua do que pessoas. E haja força para tirar do meio do caminho um colosso de três toneladas. Ventos de até 218 km/h chegam a arrancar a porta do carro se você não a abre no sentido certo, e talvez por isso não exista uma única árvore. Nenhuma resistiria de pé a ventos com tal violência.

Imensas colônias de pingüins pontuam toda a costa das ilhas. Algumas dessas colônias chegam a ter 600 mil indivíduos e o mais impressionante é, que no meio daquela multidão, eles acham os seus pares por reconhecimento vocal. Curioso relatar que pingüins fêmeas põem dois ovos por vez, e tão logo o primeiro eclode e o filhote vêm ao mundo, o outro ovo é descartado e chutado para longe do ninho matando assim o outro filhote.

A história do descobrimento do Arquipélago de Kerguelen é curiosa. O Rei da França na época, Luís XV, outorgou ao navegador, Chevalier Yves-Joseph de Kerguelen-Trémarec, a missão para desbravar tal continente em nome do seu país. Comandando dois navios que compunham a Frota Real Francesa, o Fortune e o Gros-Ventre, Kerguelen deixou as Ilhas Maurício em 16 de janeiro de 1772 e enfrentando neblina, tempestades e tormentas violentas para descobrir as ilhas no dia 12 de fevereiro do mesmo ano. Mesmo sem pôr os pés nas ilhas, Kerguelen retornou a França relatando que as mesmas eram desabitadas, com florestas, muita variedade de frutas e riquezas infindáveis. No seu por demais exagerado discurso, o navegador chamou-as de França Austral, enquanto o explorador Britânico Capitão Cook, que desembarcou por lá um pouco mais tarde, fez uma descrição mais sucinta e próxima da realidade, e chamou-as de Ilhas da Desolação. Após o fato. Kerguelen nunca mais conseguiu aprovação Real para liderar outra expedição, inclusive sendo preso posteriormente.

Durante o ano de 1998, a organização não-governamental Greenpeace pôs em curso uma expedição para provar ao mundo que existia pesca predatória e pirata naquela região. Durante a operação, a tripulação do M/V Arctic Sunrise descobriu um enorme navio pirata de pesca chamado Salvora, pescando ilegalmente na costa das Ilhas Kerguelen. Houve uma caçada ao Salvora que durou 16 dias e se estendeu por 2700 milhas náuticas desde a Ilha do Oceano Índico até as Ilhas Maurício. Não se sabe se o Salvora retornou por aquelas bandas depois do fato.

É bastante complicado alcançar o Arquipélago de Kerguelen. Só há um navio que visita o arquipélago, saindo da Ilha Reunião três vezes por ano, no verão, e leva quinze dias para chegar as ilhas, que mesmo nesta época do ano pode nevar, chover e fechar tudo numa cerração que pode durar horas. Se o fim do mundo existe, pode ser que Kerguelen seja a ante-sala dele.

Wednesday, March 14, 2007

LINHAS DE NAZCA, O LADO FANTÁSTICO DE UM PAÍS CHEIO DE MISTÉRIOS ALÉM DA IMAGINAÇÃO: O PERU


O Peru abriga um dos maiores mistérios do mundo: As famosas Linhas de Nazca, situadas próximo à costa, são desenhos que só podem ser vistos do alto, em pequenos aviões. Observados do chão não passam de sulcos no solo macio e arenoso de um deserto sem areia. São classificados em cinco tipos de marcação: linhas retas, figuras geométricas, desenhos de animais e vegetais, montes de pedras de vários tipos e figuras nas encostas íngremes das colinas. Escavados entre os anos de 900 a.C. e o de 600d.C., os desenhos guardam dois enigmas. O primeiro é: como foram parar lá. O segundo: que serventia teria ao homem num tempo em que nem se imaginava em voar para vê-las na sua magnitude. Como sempre ocorre quando a humanidade se vê diante de algo que não sabe explicar, muitos atribuem as Linhas de Nazca à intervenção extraterrestre. Seja como for, não será agora que este mistério será esclarecido e, como se sabe, mistérios costumam tornar as coisas mais interessantes.

Não foi se não na década de vinte que pilotos peruanos, que sobrevoavam a região, alertaram sobre as enigmáticas figuras. A partir de 1926, os primeiros mapas e estudos sobre a região de Nazca começaram a surgir, assim como toda a sorte de explicações.

Se Nazca era um campo de aviação alienígena, era muito confuso, consistindo de gigantescas figuras de lagartos, aranhas, macacos, lhamas, pássaros, etc. Para não mencionar linhas em ziguezague e desenhos geométricos. Também é muito amável da parte desses ET´s representarem plantas e animais de interesse para os locais, mesmo tornando a navegação mais difícil do que se usassem uma pista reta. Também devia ter muito movimento para precisar de 37 milhas de comprimento. Contudo, não é muito provável que naves aterrassem na área sem alterar os desenhos do solo. Ora, tais alterações não existem.

Em 1968, um polêmico livro transformou a cidade de Nazca num centro de peregrinação de esotéricos. Erich von Däniken, Suíço e gerente de um hotel nos Alpes, publicou o livro "Eram os Deuses Astronautas?". Em seu livro, Erich relaciona uma série de mistérios do passado à presença de extraterrestres entre as civilizações antigas. Uma página e meia é dedicada a Nazca e fez com que a cidade entrasse nos roteiros turísticos de milhares de visitantes do mundo todo. O fato é que tendo sido feitos para extraterrestres ou não, nada explica até agora, o fato de certas imagens de centenas de metros terem sido feitas de modo que só pudessem ser vistas ou identificadas do alto. Como em todos os mistérios sem explicação, há diversas teorias a seu respeito. Uma delas dispõe que as imagens ou figuras geométricas seriam um gigante método de predição astronômica. A maior defensora desta idéia é a matemática alemã Maria Reiche.De acordo com Maria Reiche, que dedicou 40 anos de sua carreira ao estudo, limpeza e conservação das linhas - as figuras constituiriam solstícios, posição e mudanças das estrelas. Sua teoria foi corroborada pelo astrônomo peruano Luis Mazzoti que diz que Nazca nada mais é que um complexo "mapa estelar", com a configuração das constelações assim como eram vistas naquelas latitudes há aproximadamente 1500 anos atrás. No entanto, o que dizer das "linhas", "pistas" e demais formas geométricas?Teorias recentes dos astrônomos e antropólogos norte americanos Anthony Aveni, Gary Urton e Persis Clarkson dizem que as linhas retas mais longas teriam uma conexão com lugares sagrados, uma espécie de caminho que os peregrinos deveriam percorrer.
Nazca é uma pequena cidade de 30.000 habitantes e está localizada a 450 km ao sul de Lima, capital do Peru. De ônibus são 8 horas de viagem e custa meros US$ 6,00. As linhas podem ser vistas com maior precisão a partir de um vôo de um pequeno avião (3 passageiros por vez), a partir do aeroporto de Nazca com duração de 30 minutos custa US$ 35,00. Existem muitos aviões apropriados para um sobrevôo e não precisa se preocupar quanto a possibilidade de faltar ingresso. No vôo de 30 minutos o piloto mostra os 13 desenhos gigantes, tanto para os passageiros da direita como da esquerda.

Recomendo não tomar o café da manhã antes do vôo, pois a possibilidade de enjôo é muito grande. Curta apenas as linhas, digerindo toda a literatura e informações que você terá absorvido antes de realizá-lo, tendo em mente que você poderá estar sendo testemunha de algo fugidio a realidade humana.

Saturday, March 03, 2007

SÉRIE: OS 20 LUGARES MAIS REMOTOS DO PLANETA. CAPÍTULO III – MONTANHAS ALTAI/MONGÓLIA



Quando o território da Mongólia atinge o seu extremo oeste, perto da fronteira com a Rússia e a China, as estepes áridas e monocromáticas que cobrem quase todo o país subitamente se transformam em vastas planícies esverdeadas. Acima delas, o imponente Maçico de Altai, um dos grupos de montanhas mais inacessíveis do mundo. É lá que fica o ponto mais alto da Mongólia, na verdade cinco picos nevados que ganharam o nome de Tavan Bogd ("Cinco Deuses"). Quem domina essas planícies são os cazaques, um povo nômade cuja principal atividade é criar cabras e iaques, mais conhecidos como boi-cavalo, uma espécie de boi selvagem asiático. Uma curiosidade sobre os iaques, é que suas fezes são usadas como carvão para cozinhar em algumas comunidades chinesas, pois no inverno as temperaturas chegam a -40° e é o único combustível existente com "fartura".
Pontuando a região com suas casas tradicionais, os gers, volta e meia os cazaques podem ser vistos cavalgando pelos campos. Geralmente com uma águia na mão, especialmente treinada para caçar com seus olhos aguçados na vastidão dessas montanhas.
A Mongólia é o país Asiático mais isolado do mundo. Uma porção de terra situada entre os Montes Altai e o Rio Amur, sendo delimitada ao sul pelo Deserto do Gobi. Este país, foi, outrora, o coração de um império que dominou a Ásia e fez tremer a Europa. O segredo deste domínio está em tribos dispersas pela estepe mongol, unificadas sob a égide de um chefe (Gengis Khan) e, a mercê da mentalidade guerreira e desapiedada com que tratavam os outros povos. Gengis Khan nasceu cercado de lendas xamânicas sobre a vinda de um lobo cinzento que devoraria toda a Terra. Ainda jovem, enfrentou a rejeição de sua família por seu próprio clã, mas voltaria para conquistar sua liderança, vencer seus rivais de clãs distintos e unificar os povos mongóis sob seu comando. Estrategista brilhante, com hábeis arqueiros montados à sua disposição, venceria a Grande Muralha da China e conquistaria aquele país e estenderia seu império em direção ao oeste e ao sul. Genghis morreria antes de ver seu império alcançar sua extensão máxima, mas todos os líderes mongóis posteriores associariam sua própria glória às conquistas de Genghis Khan, que foi o comandante militar mais bem sucedido da história da humanidade.
A Mongólia atrai muitos caçadores estrangeiros em busca de animais de pele nobre. A base da economia é a agricultura e a criação de gado. Sua lã de cashmere também é conhecida pela excelente qualidade.
No Tibet as pessoas acreditam que a Terra possua porções ocas no seu interior, e além das duas passagens conhecidas para o oco da Terra (as aberturas polares, norte e sul), existe supostamente uma terceira situada nas Montanhas Altai. Nicholas Roerich, por exemplo, em seu livro “Shamballa”, escreveu a respeito de suas viagens pelo Tibete na década de 20, quando andou pela Passagem de Karakorum nas montanhas Altai. Foram-lhe mostradas cavernas fechadas por grandes pedras roladas. Ele escreveu que teria passado por cima daquilo que parecia serem áreas ocas devido aos ecos dos cascos dos cavalos. Escreveu também a respeito da lembrança recorrente da Terra oca nas mentes coletivas do povo do Tibete.

As Montanhas Altai estão localizadas a 1.500 quilômetros a oeste de Ulan Bator, capital da Mongólia e apenas três vôos por semana ligam Ulan Bator e Olgii, cidade mais importante da região. Para chegar ao Parque Nacional de Tavan Bogd, é preciso rodar 200 quilômetros de jipe.

Muitos aventureiros se perdem todos os anos realizando trekkings no maciço de Altai. Carregam todos os apetrechos que julgam ser indispensáveis para a sua segurança, mas esquecem de um detalhe. O maciço é composto em sua maioria por rocha magnética que inutiliza o trabalho das bússolas. Você já viu uma bússola dançar?

Uma lenda recente e recorrente na região é que até a década de oitenta, diziam que ali viviam homens de Neanderthal, mas nunca houve provas a respeito. É claro que existem aqueles que juram ter visto este antepassado distante do homem atual vagando solitário nas estepes Mongóis. Espero que lhe tenha aguçado o apetite para visitar as Montanhas Altai e descobrir porque os lugares mais inacessíveis também são os mais mágicos.