Monday, February 26, 2007

ILHAS GALÁPAGOS, UM MICROCOSMO EVOLUTIVO PARA SER VISITADO E COMPREENDIDO


As Ilhas Galápagos foram descobertas em 1535, pelo bispo do Panamá, Frei Tomás de Berlanga. Existe uma lenda de que as ilhas foram visitadas, primeiramente, pelos viajantes incas, porém não há provas disso. O primeiro morador de Galápagos foi um irlandês chamado Patrick Watkins, abandonado por lá em 1807. Ele passou dois anos plantando vegetais e trocava-os por rum com os visitantes. Em 1809, ele roubou um barco e fugiu para Guayaquil. Piratas usavam as ilhas para se esconderem do controle que os espanhóis mantinham na região, entre os séculos XVI e XVIII. Estocavam água e comiam a carne das tartarugas. O mais famoso visitante da ilha foi o jovem Charles Robert Darwin, a bordo do "Beagle" do capitão Robert Fitz Roy. Darwin visitou somente 4 ilhas, primeiramente San Cristóbal, depois Floreana, Isabela e Santiago, durante o tempo em que permaneceu nessas terras, fez grandes coletas de plantas e animais, assim como observações da vida natural - o que se tornou, mais tarde, as bases da elaboração da Teoria da Evolução.

Os tripulantes da embarcação nem desconfiavam que, depois daquela missão, o pensamento do homem sobre sua própria existência jamais seria o mesmo. O Beagle permaneceu no arquipélago por cinco semanas. Tempo suficiente para que Charles Darwin observasse que, em cada uma das ilhas, os mesmos animais estavam em estágios evolutivos diferentes e apresentavam características distintas. Darwin notou também que havia traços comuns entre animais extintos e outros que ainda estavam vivos. Nos locais por onde passava, descrevia espécies vivas, observava a natureza, relevo e clima. Colecionava pedras, conchas e fragmentos de esqueleto. O naturalista anotava tudo. Suas investigações sobre a fauna e a flora chegaram ao auge em 1859, com a publicação do livro A Origem das Espécies por Seleção Natural. Depois da descoberta e do reconhecimento da autenticidade das pesquisas de Darwin, Galápagos tornou-se um pólo para cientistas interessados em estudar a biodiversidade. Hoje, o arquipélago é tombado pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade. Outro apaixonado pela região é o escritor americano Herman Melville. ‘‘A agudeza de minha memória ou a força de minha imaginação são tais que me pergunto se não sou vítima de uma alucinação quando penso em Galápagos’’, escreveu o autor de Moby Dick depois de uma de suas visitas.

Vale a pena visitar o Charles Darwin Research Station. Este centro de pesquisa e informações conta com uma boa biblioteca. Aqui também se encontra George, uma tartaruga gigante com cerca de 60 anos e pesando 88 Kg, que é, aparentemente, o último exemplar da espécie Pinta. Atualmente, George vive com duas fêmeas que geneticamente assemelham-se a ele, porém até hoje não mostrou nenhum interesse em reproduzir-se e, assim, poder aumentar para quatro o número de tartarugas extintas em Galápagos.

A falta de água doce é total em todas as ilhas, que apresentam solos áridos e secos. Passarinhos pouco tímidos como o "Galápagos Mockingbird" ficam de olho nas garrafas de água carregadas pelos turistas. (Obviamente é proibido dar água aos bichos). Mas nada é mais surpreendente do que poder se aproximar dos animais e conter a tentação de tocá-los. Como eles não se sentem ameaçados e não estranham a presença humana, ficam ali, indiferentes, sem dar a mínima bola para a torcida. Predadores não evoluíram nestas ilhas, e seus habitantes sentem-se seguros. O único problema de visitar o arquipélago de Galápagos é que na volta sempre acham que você está exagerando ao falar de fauna, flora e relevo tão peculiares. Ficam te olhando com uma cara de dúvida, revelando a dificuldade de engolir relatos de pinguins sob sol escaldante, tartarugas gigantes de 300 quilos ou iguanas não menos monstruosas fazendo pose sobre a rocha vulcânica. Nesse caso uma filmadora resolve. Embora os visitantes possam mergulhar com os leões-marinhos, é proibido persegui-los ou fotografá-los com flash. Também não é permitido sair das trilhas demarcadas, se separar dos grupos, andar sem um guia licenciado nem desrespeitar os horários. Não se pode fumar ou comer.

As praias são estreitas e acantiladas, de onde abundam enormes rochas basálticas em forma de bosques de lava negra, produto das erupções vulcânicas e ação do mar sobre a paisagem vulcânica que dá as ilhas formas curiosas. Galápagos é considerada a segunda maior reserva marinha do mundo, atrás apenas da Grande Barreira de Corais, na Austrália
Apesar de estar na linha do Equador, várias correntes marítimas passam por lá o que tornam as paisagens da ilha muito diferentes das de um país tropical abençoado por Deus. A água do mar é gelada, o clima é mais seco e há vulcões para todos os lados, alguns ativos. Em suma, as ilhas Galápagos são a fusão de todos os elementos necessários para criar uma maravilha zoológica.
Basta uma hora e meia de vôo partindo de Quito (capital equatoriana) para se chegar até lá.

Galápagos é um dos raros lugares do mundo onde a natureza, literalmente, ainda se sobrepõe ao homem. Até mesmo no navio, rodeado por turistas do mundo inteiro, não se espante se tiver que mudar a espreguiçadeira de lugar, para fugir da sombra provocada por um pelicano, que resolveu "democratizar" o solário da embarcação.

Saturday, February 24, 2007

SÉRIE: OS 20 LUGARES MAIS REMOTOS DO PLANETA. CAPÍTULO II – ILHA ROBINSON CRUSOÉ/CHILE




No tempo das grandes batalhas marítimas, dos piratas, corsários e tesouros, não convinha ir contra a autoridade do capitão de um navio. O aventureiro Alexander Selkirk descobriu isso da pior maneira. Em 1704, o capitão do galeão pirata inglês Cinque Ports, Thomas Stradling, vingou-se do insolente corsário escocês que tanto o importunara durante boa parte da viagem, abandonando-o numa ilha deserta no Pacífico Sul. Nos quatro anos em que viveu isolado, Selkirk foi obrigado a sobreviver às custas da natureza e de sua própria engenhosidade. Conseguiu. Em 31 de janeiro de 1709, foi resgatado e levado de volta ao mundo civilizado. A história correu mundo, inspirando, entre outros, o inglês Daniel Defoe (1660-1731) que, em 1719, lançou o clássico Robinson Crusoe – romance sobre um marinheiro que, após naufragar no Pacífico, viveu 28 anos numa ilha selvagem, tendo como companheiro seu fiel escudeiro Sexta-Feira, um nativo que o salvou dos canibais.

Juan Fernandez é um arquipélago composto por três ilhas: Ilha Santa Clara, Ilha Alexander Selkirk e Ilha Robinson Crusoé, que é a única habitada do arquipélago e possui aproximadamente 600 habitantes, a maioria nativos; os demais vieram do continente chileno. Na ilha os que não são funcionários públicos são pescadores.A ilha, é uma região montanhosa, de origem vulcânica, cuja maior parte do terreno não se tem acesso. Há um pequeno pedaço de terra semiplano onde está localizado o povoado de Juan Batista. No outro extremo da ilha há uma parte de terra plana de aproximadamente 1000 metros de comprimento onde aterrisam aviões bimotores que só vem à ilha segundo as condições climáticas.O clima na ilha é frio durante todo o ano e no inverno é mais rigoroso devido às chuvas constantes e ventos fortes, o que a torna muito úmida e gelada e com muito barro pelo caminho.

A caverna em que Selkirk teria vivido, por exemplo, ainda é motivo de polêmica, mas a história mais comum é de que tenha passado a maior parte de sua estada em uma outra caverna à beira-mar, na baía chamada de Puerto Inglés. Praticamente todos os dias, o navegante ia até um dos pontos mais altos da ilha, hoje o Mirante Alexander Selkirk, a mais de 800 metros de altura, ver no horizonte se havia alguma embarcação a caminho. A subida do morro dura cerca de uma hora e meia.

A possível descoberta de um enorme tesouro enterrado por piratas na ilha chilena de Robinson Crusoé, no início do século XVIII causou fervor entre os habitantes. Só se sabe que o tesouro, avaliado inicialmente em cerca de 10 bilhões de dólares, estaria nos arredores da região denominada "Tres Puntas", de acordo com as coordenadas fornecidas pelo moderno robô que realizou a façanha. O tesouro, segundo conta a lenda, foi levado até o litoral chileno pelos corsários que cruzaram o Pacífico, e o navegador espanhol Juan Esteban Ubilla y Echeverría o escondeu na ilha em 1715. Ainda de acordo com a lenda, as jóias e moedas de ouro foram desenterradas e escondidas em outra região da ilha pelo marinheiro inglês Cornelius Webb, sem que até agora ninguém tenha desvendado o mistério.

De Santiago para a Ilha Robinson Crusoe, o vôo é assegurado pela companhia aérea Lassa, e têm duração de 3 horas. Do aeródromo para San Juan Bautista, o traslado (incluído no preço do vôo) é assegurado por um barco que contorna a costa norte da ilha até à baía de Cumberland. Por norma, Pedro Niada, da Endémica Expediciones, encarrega-se de receber em San Juan Bautista e acompanhar os visitantes enviados pela Lassa.

Robinson Crusoé é daqueles lugares talhados para quem já conheceu boa parte do mundo e começa a achar que os destinos turísticos se repetem muito ao explorar sempre os mesmos temas. Nessas horas, uma ilha isolada, com menos de mil habitantes e baixíssimo número de turistas pode vir a calhar. Em 2001 foram registrados pouco mais de 1.500, entre eles cinco brasileiros.

A ilha possui uma paisagem única e é um dos melhores pontos de pesca de lagosta e de mergulho do Pacífico. Quer mais? Então, que tal nadar com lobos marinhos ou descobrir que Robinson Crusoé não é fruto de ficção ?

Wednesday, February 21, 2007

SÉRIE: OS 20 LUGARES MAIS REMOTOS DO PLANETA. CAPÍTULO I – COSTA DO ESQUELETO/NAMÍBIA


A partir deste post, darei início a uma série chamada “Os 20 lugares mais remotos do Planeta”. Hoje iniciamos com a Costa do Esqueleto, localizada no litoral da Namíbia, no continente Africano.

James Hilton, na sua novela "Horizontes Perdidos", fala de Shangri-La, um lugar situado nas montanhas do Himalaya, onde há panoramas maravilhosos e onde o tempo parece deter-se em ambiente de paz e felicidade. Sua novela inspirou a sociedade do seu tempo e deu origem ao mito. Sonhadores, aventureiros e também exploradores tentaram em vão encontrar aquele paraíso perdido. A moda orientalista do ocidente inspirou-se nesse mito, e o nome do Shangri-La foi dado a lugares quase inalcançáveis, onde encontramos poucas ou nenhuma pegada humana. Muitos países, por interesse comercial e turístico, alegam ter em sua geografia o mítico lugar inspirador de Shangri-La.

Suponhamos que você tenha sobrevivido a um naufrágio na Costa do Esqueleto. Seu barco foi arremessado pelas águas do Oceano Atlântico contra o litoral da Namíbia e só você pôde sair vivo. Golpe de sorte? Nem tanto. Centenas de náufragos já acreditaram estar salvos quando puseram os pés em terra firme, só para depois descobrir a morte lenta que os aguardava no Deserto de Namib, uma terra inóspita que se esparrama por1 600 quilômetros ao longo da costa sudoeste da África. É esse vasto cemitério de homens e navios que você terá que enfrentar se quiser sair dali com vida. O mar de dunas, a névoa desorientadora, a falta de água, os horizontes intermináveis e os leões estão à sua espera. Do mar, você está a salvo. Agora é preciso sobreviver ao deserto.

Se você quiser escapar vivo da Costa do Esqueleto, a pior idéia que pode lhe surgir é caminhar terra adentro. O Deserto de Namib ocupa uma faixa litorânea que chega a até 50 quilômetros de largura. Você simplesmente andará por dias e dias sobre as dunas sem ver nem um fiapo de água. Se você tiver a boa fortuna de sair do deserto, ainda terá à sua frente uma vasta região semi-árida e montanhosa, igualmente remota e hostil. Em abril do ano passado, um casal de turistas holandeses ficou sem gasolina numa estrada vicinal em pleno semi-árido namibiano. Foram encontrados apenas duas semanas depois. O homem estava morto.

A maioria dos navios encalhados na praia já está corroída pelo mar, mas ainda se pode encontrar os resquícios dos naufrágios mais recentes, alguns com menos de 30 anos. Um dos mais dramáticos aconteceu em 1942. Numa noite chuvosa, o navio britânico Dunedin Star encalhou e 63 passageiros vieram parar numa praia remota do extremo norte da Costa do Esqueleto. Sobreviveram por 26 dias recebendo comida de bombardeiros que sobrevoavam a área. Um desses aviões, por azar, acabou caindo no oceano, mas seus ocupantes milagrosamente saíram vivos. E um barco de resgate, por azar ainda maior, também naufragou. Dois dos tripulantes morreram.

Para chegar à Costa do Esqueleto com segurança você pode fazer como milhares de turistas por ano: pegar um aviãozinho Cessna na capital, Windhoek, e voar até um acampamento estrategicamente localizado no meio do deserto e dotado de uma infra-estrutura razoável ou então dirigir mais de 300 km de Windhoek até Swakopmund, no litoral, e então mais 70 km de asfalto até Hentiesbaai. Depois, há apenas uma longa estrada de areia de 250 km até o último posto de abastecimento, em Torrabaai.A Costa do Esqueleto, felizmente, não é mais o pesadelo dos antigos navegantes, embora seja um lugar hostil onde ainda é possível morrer, como foi o caso dos turistas holandeses - desde, é claro, que você não tome as devidas precauções. Mesmo assim, caso você se perca e comece a ver elefantes caminhando sobre dunas, besouros plantando bananeira e leões caçando focas, é sinal de que tudo ainda está bem. Isso não são alucinações. É apenas a Costa do Esqueleto revelando seus segredos.

Saturday, February 10, 2007

VOLTA AO MUNDO EM UM NAVIO CARGUEIRO INGLÊS, SINGRANDO MARES E PORTOS EXÓTICOS COMO UM LORD


Você que realizou seus sonhos com relação a cruzeiros marítimos, já singrou os sete mares em transatlânticos magníficos e imensos, coisa de dois, três mil passageiros, e contou vantagens no meio da sua roda de amigos viajados e tal. Falou das ilhas Caribenhas e Gregas, até do Alaska! Falou do canal do Panamá, da travessia do Oceano Atlântico. Conhece tudo de navios hein amigão! Perdoe-me a afirmativa. Você não sabe nada sobre navegar ou sobre navios ou ainda sobre a vida nos mares. O verdadeiro marinheiro é aquele cujas habilidades incluam a de achar graça com o próprio enjôo em alto mar. O marujo ou pirata que se preze têm suas próprias leis e, governa sua estada nos mastodontes dos mares com sentimento próprio. Sabe quando o gondolejar das marolas significa algum perigo ou é apenas uma versão barata de um tsunami. Caros amigos vos apresento o cruzeiro marítimo em um navio cargueiro. Aqueles que transportam contêineres, grãos, automóveis, produtos químicos, petróleo ou qualquer coisa que seja necessária nas regiões mais remotas do globo. Várias são as armadoras que admitem passageiros comuns nos seus navios. Várias são as rotas a se escolher, bem como os destinos e datas. Falaremos de uma volta ao mundo em um navio cargueiro. Você, como passageiro, quase um tripulante, tal a proximidade que se instala com os oficiais. Qual transatlântico permite que você trafegue na ponte de comando tomando café enquanto bate um animado papo com o capitão? Nenhum. A agência de viagens Norte Americana, Freighter World Cruises http://www.freighterworld.com/ , especialista no assunto com mais de trinta anos de mercado, vende um pacote de volta ao mundo da armadora Britânica Andrew Weir / Bank Line em um dos seus quatro cargueiros com saídas mensais. Em cada viagem, só será permitido o embarque de apenas doze passageiros divididos em quatro suítes duplas e quatro individuais. As suítes duplas consistem em dois quartos. As acomodações incluem amenidades como banheiro privativo, TV com videocassete, frigobar, cafeteira e máquina de fazer chá, afinal o navio é inglês. Também conta com secador de cabelo e rádio de ondas curtas, além de ar condicionado central. Os passageiros contam com um lounge privativo e fazem as refeições no mesmo salão junto aos oficiais. Piscina coberta, sauna e área externa no deck também têm. O acesso é irrestrito em quase todas as áreas do navio e existe até elevador entre as áreas de circulação e as suítes. A volta ao mundo terá duração de 104 dias e se inicia no porto de Dunquerque na França. O roteiro atravessa o Atlântico, corta o Canal do Panamá e vai para o Taiti. Depois Ilhas Fiji, Nova Zelândia, Nova Caledônia, Vanuatu, Ilhas Salomão, Papua de Nova Guiné, Malásia, retornando pelo Canal de Suez, Espanha e desembarque no porto de Hamburgo na Alemanha. O investimento para embarque entre abril e agosto é de US$ 12.500,00 por pessoa em suíte dupla, incluindo seguro de viagem e todas as refeições a bordo com bebidas não alcoólicas. O tempo de parada em cada porto é de um a dois dias. Porquê viajar num cargueiro? Não há multidões, informalidade total a bordo, espírito de aventura, companheirismo dos oficiais a bordo, o preço (uma diária a bordo chega a custar um terço da de um cruzeiro tradicional), sentar no deck com um bom livro na mão e um binóculo no colo para apreciar mais de perto golfinhos, baleias e pássaros que acompanham as embarcações. Bebidas alcoólicas são vendidas no navio, mas há quem prefira trazer a sua a bordo. Neste caso, vale a regra de informar o teor das suas compras ao capitão por razões alfandegárias. Também existe a possibilidade de você embarcar a sua moto (como carga e não como bagagem) para flanar pelos arredores dos portos que normalmente ficam a pouca distância das cidades principais dos países em rota. Para este roteiro recomenda-se vacinas contra a febre amarela e cólera, além de uma outra contra o mau humor e o preconceito. Sem barba azul, perna de pau, gancho no braço ou papagaio no ombro, você se sentirá como um dos donos daquela imensidão azul.

Sunday, February 04, 2007

A EXUBERÂNCIA HISTÓRICA E SELVAGEM DE UM TOUR DA COLÔMBIA AO BRASIL PELA SELVA, COM SEGURANÇA, E SEM DAR A MÍNIMA PARA AS FARCS


Todo leigo sabe que o maior produtor de cocaína do mundo, a Colômbia, tem obtido sucessivos êxitos no combate ao tráfico, e que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) estão enfraquecidas (desde então?). A DeUna Colômbia Tours http://www.deunacolombia.com/ , operadora com sede em Bogotá, promove roteiros belíssimos por esse país de povo encantador e de várias facetas. A Colômbia possui praias caribenhas de água transparente, é banhada por dois oceanos, tem histórias e encantos culturais de sobra, além da selva densa e intocada, cordilheiras com neve perpétua, esmeraldas de todos os tamanhos, um café equiparado ao Brasileiro, e é a segunda maior produtora de orquídeas do mundo. Escolhi um roteiro que sai de Bogotá e te deixa na cidade de Letícia, na fronteira com o Brasil, por onde se alcança Tabatinga no estado do Amazonas e de onde pode se pegar um avião para Tefé, Manaus e daí para o resto do Brasil. Aposto que você nunca pensou em entrar no Brasil pelo jardim não é? Então você não sabe o que está perdendo. O roteiro tem duração de 13 dias, partindo de Bogotá até Letícia e de lá, o tempo que você quiser despender para retornar para casa. O preço é de US$ 1.199,00 por pessoa em quarto duplo e inclui, traslados, hospedagem, bilhete aéreo doméstico, passeios, o apoio de guias falando espanhol e uma taxa de doação a um projeto local. Sugiro, no final do tour, uma esticada até a Reserva de Mamirauá, na região da cidade de Tefé no Amazonas. No final falo mais sobre ela. Ok, iniciamos em Bogotá. Há quem tenha algum mal-estar ao chegar à cidade que fica a 2.640 m de altitude, recorrendo ao chá de coca, vendido nas casas de produtos naturais. A surpresa é que o turista dificilmente verá zonas pobres ao circular por bairros como La Cabrera e pela zona Rosa, cravejada de bons restaurantes, lojas e shopping centers, como o Andino e o Atlantis Plaza, ou pelo entorno do Museu Nacional, onde há lugares como o parque Bavária. Em bairros boêmios, como Macarena, moram atores de teatro e TV. Mas a região onde a visita revela a Bogotá "chevere!" (gíria onipresente para "incrível!") é o bairro da Candelária, com prédios que alternam os estilos colonial, mais espanhol, e o republicano, eclético e europeizado. E é na Candelária que nos hospedaremos. Seguimos de ônibus para a cidade de Puerto López que dista 280km da capital, onde avistaremos bôtos cor de rosa, chamados de toninas na Colômbia, no Rio Meta na altura do vilarejo de Puerto Gaitan, um dos destinos turísticos preferidos dos nativos. Retornamos para Bogotá e no dia seguinte voaremos para Letícia em um novíssimo jato ERJ fabricado pela nossa Embraer. Chegada a esta cidade que faz fronteira com o Brasil (separada de Tabatinga por apenas uma avenida) e o Peru, e traslado de barco até o nosso ecolodge no meio da selva, curiosamente situado do lado Brasileiro. Letícia que herdou este nome de Letícia Smith, a noiva de seu fundador, Benigno Bustamante, em 1867,e que hoje em dia conta com aproximadamente 34.000 habitantes, é o centro geopolítico mais importante da região. Sua localização é favorável para transações comerciais trinacionais. O centro urbano consiste de um variado núcleo de estabelecimentos onde é possível adquirir licores estrangeiros, eletrodomésticos e excelentes artesanatos da região. Três dias na selva da região é pouco tempo para tanta atividade: pescar piranha, focar jacaré, avistar botos, dar um pulo até a Ilha dos Macacos (onde uma multidão de símios o esperam), ir ao zoológico para ver a maior anaconda da sua vida (tirando aquela de brinquedo daquele filme horroroso), ir as comunidades indígenas dos Tikunas e Yaguás para comprar artesanato e tirar umas fotos com a cara lambuzada de urucum. Mas antes de fazer uma foto com o povo e os índios locais, peça permissão, pois alguns acreditam que a fotografia lhes rouba um pedaço da alma. Às vezes uns dólares aplacam um pouco a dor dessa perda. Seguindo para Tabatinga, já no Brasil, não esqueça de antes dar um pulinho no aeroporto Colombiano para carimbar a saída do país. O opcional que deixei para o final da viagem é uma esticada até a Reserva de Mamirauá, entre os rios Solimões e Japurá, a 600km a oeste de Manaus e próxima a cidade de Tefé, para onde se pode pegar um avião a partir de Tabatinga. Em 1983, o biólogo José Márcio Ayres, procurando uma área para estudo do macaco Uacari Branco, encontrou a região do Lago Mamirauá. Ele percebeu a necessidade de criação de uma reserva, uma vez que o macaco é endêmico daquela região. Através de uma proposta encaminhada ao governo do estado do Amazonas, em 1990, foi criada a Estação Ecológica Mamirauá, posteriormente transformada em "Reserva de Desenvolvimento Sustentável". Vá nem que seja para passar uma noite no meio da floresta na trilha da Guariba (um macaco barbudo conhecido também como bugio), ou passear de canoa pelo ecossistema, ou ainda ver o pôr do sol deitado numa rede pendurada na varanda de uma das suítes da Pousada Uacari. Vá para entender e ver com os seus olhos como uma comunidade organizada, auto sustentável e com leis e regras claras funcionam à perfeição. Não esqueça o que você viu escrito na fachada do Palácio de Justiça de Bogotá no início da viagem: "...las armas os han dado independencia; las leyes os daran libertad", de Santander, uma frase simples e que lembrada a bordo do avião retornando para casa vai te fazer pensar emocionado em tudo o que viu.

Saturday, February 03, 2007

FRANÇA PARA GLUTÕES: VIAJANDO POR SEIS FESTIVAIS GASTRONÔMICOS EM 17 DIAS!


A França é um dos países mais visitados do mundo, portanto exótico e remoto não é. Mas podemos conhecê-la com uma roupagem digamos, diferente. Nada de pontos turísticos manjados ou cidades “obrigatórias”. A melhor maneira para se conhecer bem o espírito desse país é fazer uma expedição gastronômica. Uma refeição para os franceses não é apenas alimento, é um ritual em si, um acontecimento especial, o melhor momento do dia, que pode durar várias horas ou mesmo uma noite inteira. No nosso caso, montei uma viagem de 17 dias, entre 19 de maio e 05 de junho, circulando por seis festivais gastronômicos pelo interior Francês, incluindo as cidades de Lille, Limoges, Guebwiller, Binic, Rocamadour, Nîmes além de Paris. Lille, quarta maior cidade da França com 220 mil habitantes é a capital mundial dos croissants. Essa informação já é capaz de aguçar a gula de qualquer visitante que vá por lá. Situada no coração do triângulo Paris-Londres-Bruxelas, graças à rede de trem de alta velocidade TGV, rodovias e ao túnel sob o Canal da Mancha, Lille situa-se a menos de 350km de cinco capitais Européias. Além das já citadas, Amsterdã e Luxemburgo. Como em todas as cidades históricas, Lille visita-se a pé. E é assim, a passear pelas ruas antigas e as praças recuperadas do centro histórico e medieval de Lille, que se inicia o fascínio por uma cidade que ao longo dos séculos perdeu grande parte dos seus monumentos em invasões e guerras. É lá que acontece o Lille Festival of Flavours, onde por dois dias, imerso nas delícias culinárias locais, você se encantará com o que há de melhor em produtos de confeitaria, queijos, cervejas, cafés e muitas outras iguarias da região para que você comece a esquecer da balança. Na França as refeições são sempre acompanhadas por vinho, mesmo em almoços no refeitório do trabalho. Até as crianças aprendem a tomar vinho cedo. O evento se dá na Praça Rihour no centro da cidade e vale a pena arriscar o crème brûlée à la chicorée (com chicória). Seguimos para Limoges, situada no estado de Limousin no centro do país. Limoges é conhecida mundialmente pela sua porcelana e pelos barris de carvalho que são usados na produção de Cognac. A descoberta do caulim, em 1768, nos arredores de Limoges e o desejo de Turgot, administrador do rei Luís XVI na região, foram a base sobre a qual surgiu essa indústria. Artistas como Suzanne Lalique, Jean Dufy, Edouard-Marcel Sandoz e Jean Cocteau lhes deram seu lastro de prestígio. Participaremos da Feira de Saint Loup que data de 1566, quando foi concedida à cidade uma licença de mercado por Charles IX. As ruas da cidade ficam apinhadas de barracas vendendo todo tipo de comida além de molhos, patês, vinhos e até roupas. Próxima parada, o vilarejo de Guebwiller, na Alsácia, fronteira com a Alemanha, para a feira de vinhos locais que toma conta da Place de l´Eglise. Música, vinho, comidas típicas como o chucrute local e o queijo Munster, fazem parte do evento na cidade que fica no meio da mundialmente famosa Rota dos Vinhos. Seguindo para o vilarejo de Binic, no noroeste Francês, às margens do Canal da Mancha, participaremos da Fête de la Morue, que celebra anualmente a indústria de pesca local, e obviamente o carro-chefe da festa são o bacalhau, e outros pescados igualmente saborosos, preparados de diversas maneiras. Haverá tempo para apreciar o pôr do sol na Baía de Binic e quem sabe realizar um passeio de barco. A penúltima parada com a gula sob controle é em Rocamadour para a Fête des Fromages, a maior festa de queijos do sudoeste Francês. A cidade foi um centro de peregrinação do século XI ao XVII, estando situada sobre um pico rochoso acima do vale de Alzou, com seu aglomerado de casas medievais, torres e muralhas que brotam dos rochedos, propiciando juntamente com suas inúmeras Igrejas, Basílica e o Castelo, um maravilhoso conjunto arquitetônico. Entre uma mordiscada e outra nos melhores queijos da França, conheceremos as impressionantes cavernas de Padirac, onde haverá um passeio de barco nas suas galerias a 75 metros de profundidade. Para encerrar essa incursão gastronômica, escolhi o Nîmes Pentecost Festival, na simpática cidade de Nîmes, no sul do país, no Mar Mediterrâneo. Além das iguarias locais consumidas vorazmente nos café e bodegas abertas apenas para o evento, você verá touradas e as famosas corridas de touros pela cidade, como acontece normalmente na Espanha. Para encerrar, Paris, a cidade luz, onde sugiro visitar tudo o que um turista convencional não visita, principalmente se você já esteve por lá. O Le Bistrot du Cure, é um bar com confessionário no meio da zona de inferninhos de Paris, onde um padre carismático ouve a confissão dos freqüentadores. Com certeza lá não encontraremos hordas de Japoneses disparando flashes. Assim como num cinema antigo Parisiense que apresenta clássicos até o amanhecer, com direito a café-da-manhã. Fim da viagem, de volta ao Brasil, de volta ao regime!